Foi um dia INESQUECÍVEL. Família Mundo em Foco empenhada para as gravações e filmagens de “O Barraco e o Menino”, para a série de curtas do Cine B.O.
Iniciamos no sábado 27/11/2010 em busca de uma locação, pois devido a fortes chuvas na noite de quinta-feira, nossa locação simplesmente “caiu”! Junto com os atores, subimos e descemos inúmeras vezes os loteamentos Chácaras Cabuçu, Jardim dos Cardosos, Vila Julieta, Recreio São Jorge e Novo Recreio, todos na região do Distrito do Cabuçu em Guarulhos e no final da tarde optamos pelo Novo Recreio, que tinham uma vista privilegiada da grande Serra da Cantareira junto ao desenfreado avanço antrópico. Assim, numa conversa com a Dona Eliane, moradora local, surgiu nossa locação, na travessa da última rua (de terra, é claro) do mapa da cidade de Guarulhos, a Rua Santina.
Ainda no sábado à noite foi produzido o figurino e todo o esquema que nortearia a produção do dia seguinte, isso mesmo, do próximo dia. No domingo, bem cedo, todos de pé. Chegamos antes do sol no Novo Recreio, às 08:20. O céu estava coberto de nuvens e o sol começou a sair umas 08:40.
A produção se encarregou de buscar a madeira e os papelões para a producão do barraco, logo estariam todos colaborando com a construção: Atores, crianças, equipe, todo mundo com tinta, pincel, prego, martelo, arame e outras tantas coisas.
Antes disso, precisávamos fazer uma cena com as crianças: Polícia e Ladrão! Produzimos as armas de brinquedo e foi só festa. Toda equipe foi chegando, se ajuntando e Ação. O cenário era de documentário, as crianças também…mas era tudo ficção. Logo o sol ardeu a cabeça e a cena foi feita rapidinho…
Pausa pra água, pra entrevista pro Criando Asas…bora construir esse barraco!
Empenho total da equipe, sensação térmica de pelo menos 35º no espinhasso, bastante líquido e uns lanchinhos de vez em quando. Quando pensamos que o barraco não ía dar certo, aí foi que deu. Todo mundo de camiseta do Mundo em Foco, que lindo! Se já tínhamos o menino então só faltava o barraco. Barraco pronto, menino pronto, vamos voltar a rodar…
Começamos as cenas merecedoras de excelente atuacão de nossos não-atores. Detalhe: o roteiro mudava toda hora, com a opnião de quem sequer pensava, tinha. O roteiro se permitia experimentar. Aliás a equipe não tinha o roteiro, parte dos atores não sabia o roteiro e os atores que sabiam, não o sabiam em sua íntegra , quanto mais o que seguir, era tudo meio na hora.
O que era certo é que a equipe tinha um só motorista, também produtor. Quem fazia still, fazia câmera também, quem captou o som também fotometrou, quem “dirigia” o filme abandou o set, quem não dirigia virou assistente de direção. Tudo coletivo!
Esse foi o primeiro filme que se existir vai ter um pseudo-diretor-câmera-fotógrafo-roteirista-poeta que escondeu o roteiro da equipe, um motorista atrapalhado e produtor ou um produtor atrapalhado e motorista, e pelo menos dez assistentes de direção, câmera, fotografia, roteiro, still, entre outras funções que foram surgindo na hora. Até o menino de 4 anos da casa ajudou a construir o barraco!
Teve muita violência no filme. Violentamos a intolerância geográfica, a exclusão social, o preconceito, o egoísmo, a fome, o sol, o desrespeito, os atores globais, o calor, o pó da terra que dava o ar da graça, as produções hierárquicas do cinemão, as tristezas da vida, e muita coisa ruim que pode acontecer num domingo ensolarado.
Enfim, o processo foi e será mais rico que o produto. Que bom! Que bom! A equipe variou de 4 anos de idade à 60 e tralalalá do seu Oziel, artista plástico da região, que orientava os marmanjões do Mundo em Foco.
A concentração nos arrebatou o tempo. Cada cena feita era motivo de piada, chocarrice e palmas…a nós, a equipe…a todos. Mesmo os ensaios tinham dos mais variados elogios, das mais belas riquezas e as mais ricas expressões. O domingo estava diferene, era de mobilizacão. Os vizinhos pararam. O motoqueiro parou quando viu a arma do Tiago, tentou voltar, mas se tranquilizou quando viu que o ator não morria, aliás todo mundo morreu de rir.
A tarde foi se assentando e findamos as filmagens. aplausos GERAL e bora desproduzir. O barraco ficou de casinha de boneca pra meninas da casa (falando nisso era uma casa pequena com um casal e SETE filhos) e continua construído em stand by (se bem que com essa chuva) caso o filme não se revele.
Depois das duas viagens a seis pessoas no carro do motorista, todos fomos nos achegando numa cantina pra matar a fome e a sede de comemorar. A Família Magalhães também celebrou seu dia diferente a seu modo, com certeza. Já nós, fomos aos poucos, nos separando como se não fôssemos uma família, essa tal família…a família Mundo em Foco…com um monte de filhos!